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performances

Não penses
mais nisso

POESIA AFIRMATIVA

CHEGA

 

Chega de silêncio, de lamento perdulário

De calar a voz quando tudo grita imaginário

De olhar para o lado quando a vida nos atinge

De fechar os olhos e fingir que somos esfinge

Chega de ficar parado nas esquinas

De meter as mãos nos bolsos quando a luta se aproxima

De abdicar da ilusão que nos foge e agoniza

Enquanto à revelia o mundo nos escraviza

 

Chega de deixar que outros nos decidam

Que tirem de nós somente o que precisam

Que nos esfolem e espremam em calendários sombrios

Que não nos deixem nada a não ser o vazio

 

Chega de ruído, de discurso incendiário

De toda a enxurrada de certezas ao contrário

De notícias de enfiada, das mentiras que nos contam

Das verdades às centenas que às dezenas nos desmontam

Chega de deixar que nos emprenhem pelos ouvidos

De legitimar quem engana os indecisos

Chega de votar em quem nos vota ao esquecimento

De arrepiar caminho e deixar tudo às mãos do vento

Chega de patifes ao comando do navio

De caciques mal fodidos revestidos a bafio

Chega dessa corja truculenta suja e tonta

Chega de ser cúmplice de heróis de faz de conta

 

Chega de trumps, putins, venturas e mau cheiro

Desta merda toda ser por causa do dinheiro

Chega de bandeiras orgulhosas nos seus mastros

Chega de coveiros, de embusteiros e de emplastros!

 

Chega de arrogância, de intolerância, de fobias

Dos sagrados preconceitos que nos ocupam o dia-a-dia

Chega da sandice de perversa incontinência

de quem manda o semelhante retornar à procedência

Haja paciência!

 

Chega de ter medo de tudo o que é diferente

Que alguém com outra cor nos surja pela frente

Que faça tremer a nossa inteligenciazinha abstracta

A ciência espúria, a lógica da batata!

 

Chega de insegurança, chega de cagança!

Chega de rezar para que a vida nos dê esperança!

Chega de deixar que outros nos disponham

Como se fôssemos fantoches que não sabem nem sonham

 

Chega de nos negarem direitos fundamentais

Como se não fôssemos homens mas obedientes animais

Chega de badernas, chega de merdas!

De sermos enrabados como o pacote das entregas!

 

Chega de conversas, chega de suspense

É preciso esquecer tudo aquilo que fomos antes

É preciso ter ACÇÃO!

 

Desmontar o sortilégio da nossa própria inanição

Despedaçar as correntes da nossa triste servidão

E sobretudo, nunca virar a cara a quem quer que seja o cabrão

Que nos apareça à frente com o olhinho comilão

E o infame projecto de nos partir o coração...
 

 

Espectáculo com a

duração de 50 minutos
 

O amor é melhor de um dia
para o outro

POEMAS DE AMOR

FAZER AMOR
 

Fazer amor do amor que não fizemos

E do desejo uma viagem pelos limites

Foi chegar-te como num barco sem remos

Foi ver-te nua sem que te despisses

Foi vento dar-te à costa e abrigar

A tua sombra com a minha de atropelo

Assim como: dois meninos a brincar

Com o fruto na boca sem mordê-lo

Foi lua o teu rumor e o teu cheiro

E os suspiros de chegar mesmo sem ir

Foi sol que ele mesmo ali estrangeiro

Te levasse mas que fosses sem partir

Fazer amor do amor que não fizemos

Que não foi mas que foi como se fosse...

Pois se não foi amor o que fizemos

O que chamar ao que fizemos esta noite?

Espectáculo com a

duração de 50 minutos
 

Poesia nua
deitada sobre
si própria
POESIA ERÓTICA

(       além de palavras, 

contém palavrões )

VADE RECTO

 

Estava eu ruminando baixo o alto

De suas vénus moradias alugadas

Grunhia ela ordens vãs de puta a metro

Cagava eu para a língua das escravas

 

Quando nisto um crepitar me engonha

Um flato, um gás, um cheiro cru...

E se em vez de lhe ir à cona

Lhe fosse hoje pelo cu?

 

Viu-se desavinda a criatura

Que não, nosso senhor mortalizava

Mas então a picha dava-me tão dura

Que eu até a própria virgem enrabava

 

Para efeitos de a trazer à vaga esperança

Lambi-lhe forte e feio o fundo falso

E foi tal a matemática mudança

Que voluntária se pôs num belo quatro

 

Posto assim o reles ónus da beleza

Aberto tanto o olho sujo hipnotizante

Cheguei a temer pela limpeza

Terei eu caralho bastante?!

 

Ia já indo sem defesas nem falácias

Mal educadoo, possuidor de nenhum zelo

Enfiar-lho entre as nádegas rosáceas

Quando, infame, lhe detecto um pêlo!

 

Desconhecedor de tal destreza capilar

Querendo cu mas não querendo temê-lo

Perguntei-me: que fazer… tirá-lo?!

Responde-me ela: não, parvo… metê-lo!

Espectáculo com a

duração de 50 minutos
 

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